Seguramente a Terceira Epístola de João é o menor livro do Novo Testamento, mas é um importante testemunho de como era a igreja cristã do primeiro século.
Os personagens desta carta de João são Gaio, Demétrio e Diótrefes.
João apresenta um contraste entre Gaio, um líder cristão para quem efetivamente o apostolo escreve fazendo recomendações e Diótrefes, considerado um líder ímpio e arrogante a quem João tenazmente critica.
As palavras chaves das três epístolas de João são amor e verdade. Amor e verdade fundamentam autoridade ministerial e espiritual, senão vejamos algumas particularidades das três epístolas de João.
Em sua primeira epístola João não se declara como autor, antes evoca o Verbo como autor, criador e mantenedor de todas as coisas. Esta primeira epístola tem a Igreja Universal como destino.
Provavelmente foi escrita entre 85-95 dC. O objetivo de João era oferecer diretrizes para a vida cristã, tendo em vista que a comunidade era assediada com ensinos heréticos de falsos mestres.
Os heréticos negavam a natureza divina de Jesus, recusando obedecer-lo e ignorando o seu amor.
A segunda epístola de João
A segunda epístola de João é endereçada a Senhora Eleita, refere-se provavelmente a uma igreja consolidada e madura na fé. Israel é apontada na Bíblia como uma virgem, (Filha de Sião), uma mãe e uma viúva.
No Novo Testamento é vista como a Noiva de Cristo. João alerta a Senhora Eleita para não admitir falsos mestres em sua casa, o que efetivamente seria admiti-los na comunhão da Igreja.
A advertência de João buscava por fim a apostasia de muitos, embora estes não houvessem sido prontamente identificados.
Interessante é que o tom da carta é duríssimo, mas é apresentada numa linguagem exortativa. Posteriormente, escrevendo as Igrejas da Ásia, João notou que o quadro se agravou, e muito. Ap. 2. e 3
Em 2 e 3 João, o apóstolo identifica-se não pelo seu nome, mas com o título “o ancião” O termo poderia descrever a idade do escritor, possivelmente de idade avançada.
Tanto judeus como gregos reconheciam nos homens mais velhos maturidade e experiência.
Era como se ele dissesse “Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo 2 Tm. 2.7.”
Destinatário da terceira epístola de João
O destinatário da terceira epístola de João é uma pessoa, no caso Gaio. Este está sendo elogiado pelo esforço e dedicação com a obra de Deus.
Mas havia situações em que Gaio poderia melhorar, sendo uma delas o pleno apoio a aqueles que sendo missionários itinerantes chegavam e partiam da localidade onde Gaio residia.
Não que o abnegado Gaio deixasse de auxiliar a estes irmãos, mas João o estimula a fazer mais por eles, visto que estava na sua capacidade de fazê-lo.
As duas cartas (2 João e 3 João) fundamentam autoridade ministerial e espiritual e trazem amor e verdade como elementos comuns.
Em 2 João temos a firmeza do amor. O amor zeloso que preserva e que não deve abrir portas para qualquer pensamento e ação. (5.17; Salmos 119:67).
Gaio estava sendo orientado a ter autoridade espiritual (ternura no amor).
Gaio deveria ter discernimento e equilíbrio para aplicar a firmeza no amor ao mesmo tempo em que não poderia descuidar-se da ternura no amor. É vida de pastor não é fácil.
Antes de prosseguirmos, gostaria que visse o vídeo Oportunidades para expressar nossa fé através da ação, baseado na Terceira Epístola de João .
Agora que estabelecemos o ambiente em que se deu a carta, vamos analisar as diferenças entre Gaio, Demétrio e Diótrefes.
Contrastes entre Gaio e Diótrefes
A maior parte do relato de 3 João é um contraste entre Gaio e Diótrefes.
João escancara a atuação de cada um, enquanto Gaio tinha uma liderança transformacional, centrada na Biblia, Diótrefes mantinha uma liderança autocrática.
Liderança transformacional é o meio principal de influenciar e transformar o outro.
O líder transformacional trabalha para transformar os pensamentos e ações de indivíduos, grupos e organizações. Uma arma poderosa usada pelo líder transformacional é o carisma.
O líder autocrático não valoriza as competências, os conhecimentos e os resultados dos seus subordinados, ele arrogantemente toma a decisão e pronto.
Cria-se um ambiente em que os liderados são cobrados excessivamente por decisões que efetivamente eles não tomaram participação diretamente. Isto causa um imenso desconforto.
Não que a liderança autocrática seja essencialmente ruim, mas líderes precisam ter autoconfiança para liderar bem.
Diótrefes é impulsionado pela necessidade de ser o “primeiro”, de estar em evidência, ter a preeminência.
Ele não se sente seguro ao lado de Gaio. O conhecimento da má conduta de Diótrefes havia chegado até João, que repetidas vezes havia escrito a ele, mas os emissários de João eram repelidos.
Diótrefes quer ser a autoridade exclusiva, ele não aceita se submeter a ninguém. Dominador e controlador, ele quer que somente sua opinião seja expressa.
Diótrefes ameaça e age preventivamente para se livrar de qualquer um que desafie a sua autoridade. Ele usa da calúnia e fofoca para espalhar falsas acusações.
Ele é o avesso de um bom obreiro, ele é egoísta, manipulador e dominador. Diótrefes era uma alma destituída da graça de Deus.
A teologia de Diótrefes
O problema de Diótrefes não era sua teologia, mas sim sua ambição pessoal, era julgar que ele era o cara, de modo que ele não aceitava nem as diretrizes de João e se opunha tenazmente a qualquer influência externa.
Diótrefes tinha um espírito sectário e visão estreita. A arrogância é a pior das teologias, a teologia de Diótrefes, fazia com que ele rejeitasse a liderança apostólica de João.
Rejeitar a autoridade apostólica, era rejeitar a doutrinas dos demais apóstolos, era rejeitar o conjunto de orientações, ensinamentos e correções que dava base doutrinária ao Evangelho. (Cl 1:18)
Quando pessoas buscam o primeiro lugar na igreja formando pequenos grupos. A igreja pode assumir um palco de ensaios, em que cada grupo faz o seu ensaio individualmente.
É aqui que reside a explicação para muitos conflitos na igreja.
Bem, até agora falamos apenas de dois personagens, falta um terceiro que é um exemplo que deve ser seguido por Gaio. Acompanhe-me, vamos saber um pouco de Demétrio. Bora lá 🙂
Demétrio, um líder de bom testemunho
É possível que a influência de Diótrefes estivesse contaminando a Gaio, mas João o exorta a que não imite o mau exemplo daquele, mas sim seguir o exemplo positivo de Demétrio.
Carinhosamente, mas de forma firme, João recomenda a Gaio para continuar com sua boa hospitalidade, seguindo os preceitos bíblicos.
João diz “se tem alguém que você deve imitar, esta pessoa é Demétrio, todos dão bom testemunho dele”. Paulo disse que cada um de nós é um imitador (I Co. 11.1).
É assim que aprendemos, mas temos de selecionar os nossos exemplos com zelo e cuidado. Que gloriosa recomendação de João!
Demétrio vem com recomendações em três frentes:
- O insigne obreiro é reconhecido por sua boa reputação e tem um bom testemunho de todos.
- Ele é bem conhecido de João, bem o suficiente para justificar uma forte recomendação pessoal.
- A recomendação é auto-evidente em sua maneira de viver
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Finalizando, então chegamos à conclusão que as lições das três epístolas de João revelam essencialmente dois tipos de obreiros, a saber, Diótrefes, o homem que embaraçou a obra de Deus e Demétrio, o homem que é um exemplo de obreiro.
Lembre-se, Se você levar os padrões e os valores do mundo para a igreja, você vai falhar como um homem.
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