teologia do fogo
Ilustração de Elias subindo ao céu numa carruagem de fogo

Voltamos novamente a abordar a “religiofagia”, que na definição do pesquisador e acadêmico Ari Pedro Oro consiste em se apropriar e reelaborar elementos e crenças de outras igrejas e religiões, mormente das afro-brasileiras (candomblé, umbanda, quimbanda e macumba).

Literalmente é algo como “comedor de crença”. Não confundir com “religiofobia”, que é a aversão ou medo de coisas ou pessoas relacionadas à religião.

A religiofagia é um mal quase exclusivo do neopentecostalismo. No artigo anterior expus o neopentecostalismo macumbeiro. Aqui, vou expor a teologia do fogo, me acompanhe que você vai saber o que é isto. Na verdade, o termo nem existe, lanço mão desta expressão para manifestar uma prática comum nos cultos das igrejas neopentecostais, a exaltação do fogo como elemento sobrenatural.

Muita gente não vai gostar da minha abordagem, argumentando que tenho uma visão preconceituosa e mesquinha do poder de Deus. Sim, a teologia do fogo se escora na manifestação divina na forma de fogo, é tudo de fogo.

Argumentos bíblicos da Teologia do fogo

Passagens bíblicas como a de Elias sendo elevado ao céu em um carro de fogo e a passagem em que Elias desafia os profetas de Jezabel são frequentemente citadas, pregadas e cantadas. Os crentes se referem a aqueles que julgam como sendo “espirituais” como “varão de fogo” ou “varoa de fogo”.  Relembre comigo quatro cenas já conhecidas:

1 – Moisés subindo ao monte e vendo uma sarça envolta em fogo, mas não sendo consumida. Esta situação da sarça pegando fogo, Moisés vira inúmeras vezes, mas sem ser consumida era a primeira vez, foi uma revelação de Deus a Moisés.

2 – O Altíssimo selou uma aliança com Abraão por meio do fogo, foi uma experiência inesquecível para o patriarca.

3 – O povo hebreu foi conduzido pelo deserto sob a proteção de uma coluna de fogo durante a noite para iluminar e aquecer. Durante o dia uma coluna de nuvem acompanhava o povo com o objetivo de amenizar o calor abrasivo do sol.

4 – O Espirito Santo desceu sobre a igreja de Atos em labaredas como de fogo.

E então você questiona: “Ué, não entendi, onde você quer chegar?” Respondo – Dei estes exemplos para deixar claro que acredito na manifestação sobrenatural de Deus, seja ela através do fogo ou não. O que estou querendo expor aqui é o flagrante confronto e contradição de certas musicas que expõe e confunde Deus com o fogo.

A teologia do fogo confronta a Bíblia

As musicas que embalam a teologia do fogo lembram um forró ou um sertanejo daqueles bem escrachados e de gosto duvidoso. Elas são quase sempre ruidosas e acompanhadas de pandeiros.

Não tenho nada contra o forró ou o sertanejo aplicados no louvor cristão, desde que eles apresentem conteúdo, valores e consonância com as Sagradas Escrituras. Minha oposição se deve pelo costume de ir na contramão do bom, belo e justo. Brasil afora, há muitos cantores que trazem em suas letras a referência ao poder de Deus através do fogo.

O maior representante da teologia do fogo é o cantor Ednaldo do Rio. Em suas músicas há termos como “varão de fogo, anjo de fogo, unção de fogo, queima ele…” Ufaaaa, cansei! Você pensou que eu não ia parar né não? 😛

O Grupo Fogo no pé também tem letras com conteúdo similar a Ednaldo do Rio, “corinho de fogo, divisa de fogo, profeta de fogo e até uma tal de “varoa de roupão”. Meu Deus, falta tanta conhecimento de Bíblia a este povo!

Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. “Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos”. Os 4. 6-7

Teologia do fogo, uma mistura de coisas

A teologia do fogo é um choque frontal com as Escrituras Sagradas. Há uma mistura de panteísmo, que procede do prefixo pan, “muito”, “tudo”, e do substantivo “theos”, literalmente significa “Deus”. Esclareço, que apenas estou dizendo que a coisa existe. Isto posto, prossigamos.

O panteísmo confunde Deus com a natureza, terra, água, fogo. A teologia do fogo congrega também elementos do panenteísmo (definição da Wikipédia) e o Pantiteísmo que é a designação dada a uma corrente filosófica e doutrinária, derivada do krausismo, que reconhece a presença de Deus em todos os lugares e em tudo.

Finalizando, ilustrando os vídeos do Ednaldo do Rio há imagens que lembram os orixás, por suas características, e a religiofagia, isto é; elementos e crenças de outras religiões sendo incorporadas ao Evangelho.

Uma coisa que vejo com frequência é pessoas postando imagens de Jesus de orientação claramente espiritas ou católicas como se estivesse reverenciando a Deus. Há de se pesquisar a origem das coisas para não incorrer em erro.

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Este assunto de neopentecostalismo tem me ouriçado, qualquer dia escrevo sobre a teologia dos anjos, não a angelologia comumente conhecida por estudar os anjos, mas este costume bizarro de ficar incensando anjos. Aproveite e deixe registrado o seu comentário aí abaixo. Um abraço e até a próxima.

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Categories: Vida Crista

Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

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