O evangelho de João no capitulo 8 nos conta que um dia em que Jesus estava ensinando no Templo, os mestres da lei e os fariseus trouxeram uma mulher adúltera diante dele.
Entrementes, forçaram a mulher ficar de pé diante de todos e disseram a Jesus que ela fora pega em adultério.
Invocando a Lei de Moisés eles disseram que a Lei mandava apedrejar tais mulheres.
Mas e Jesus, o que pensa a respeito? Claramente nós temos aqui duas histórias correndo paralelas.
Uma delas nos conta o drama de uma mulher pega em adultério e a outra nos fala que Jesus estava sendo testado pelos Mestres da Lei e os fariseus.
Não é à toa que a narrativa inicia com Jesus orando à noite e logo cedo acontece esse fato.
Jesus está diante de um teste e a mulher está diante de um drama.
Diante de Jesus é colocado um caso jurídico cuja resolução era bastante óbvia do ponto de vista da lei de Moisés.
Tanto o Levítico (20.10) quanto o Deuteronômio (22.22) dizem que toda a mulher e homem surpreendidos em adultério devem ser condenados à morte.
É claro que há um confronto ente a Lei de Moisés e Jesus, pois eles perguntam: “E o senhor, o que diz?” Esse era um julgamento para julgar a Jesus.
A Lei mandava matar por apedrejamento. Jesus que estava ensinando sentado, no Templo, quando ouviu isso pôs-se a escrever algo no chão, na Terra, com o dedo.
Esse ato, a princípio enigmático e estranho nos remete a Êxodo 31.18, onde Deus escreveu as tábuas da aliança, Os Dez mandamentos, pelo dedo de Deus.
Portanto a Lei de Moisés, a Torá, é escrita pelo dedo de Deus.
Jesus escreve uma nova lei
Agora temos Jesus escrevendo no chão, na terra, alguma coisa, que não nos é dita o que é.
Mas que não importa, pois o importante não é o que está escrito, mas o fato dele escrever. Jesus fez um gesto, comparado ao de Deus.
Deus escreveu as Tábuas da Aliança, com o seu dedo e Jesus estava escrevendo algo no chão com o dedo.
As Tábuas da Aliança eram leis dadas para Israel, o que Jesus escrevia no chão, na terra, era algo dado a todos.
Seu gesto é universal. Deus havia feito a Lei para Israel. Agora Jesus estava escrevendo uma nova lei, para todos, na terra e não na pedra.
A terra é de todos. A lei de Jesus é universal.
A nova lei escrita por Jesus, ainda assim está intimamente ligada á lei antiga. Ambas foram escritas pelo dedo de Deus.
A lei antiga é reinterpretada e desenvolvida em Jesus.
Qual o maior pecado?
Quando nós pensamos sobre o pecado, pode surgir a questão de qual é o maior pecado de todos.
Qual é o pecado numero um do mundo.
Todos nós podemos nos lembrar de um grande pecado que cometemos, ou que alguém cometeu.
Dentre esses pecados, podemos imaginar qual foi o maior deles? Qual é o pecado que é lembrado por onde formos?
Alguns pecaram e nunca se refizeram da acusação.
Qual é o pecado mais feio, sujo, e inesquecível do mundo? Qual é o pecado que todo mundo sabe e ainda apresenta data e hora?
É o pecado da traição. É o pecado de Judas, amigo e discípulo de Jesus, que o vendeu por trinta moedas de prata, dizendo aos guardas onde ele estaria a certa hora da noite.
De todos os pecados, a traição é o pecado número um do mundo.
Existem outros pecados horríveis, mas esse adquiriu esse status por causa de quem foi traído: Jesus.
A traição é abominável porque quando se trai, o traidor é de nossa total confiança. Um inimigo não pode nos trair.
Um desconhecido não pode nos trair. Nós não confiamos em desconhecidos. Nós não confiamos em inimigos.
O pecado da mulher adúltera
Essa mulher foi pega no pior pecado do mundo. Ela traiu alguém. A Bíblia não diz, mas acreditamos que o pecado dela possa ter sido de origem sexual.
Levítico 20.2 e 20.27, falam do pecado cerimonial, ou a idolatria, que era um pecado, considerado traição, também passível de apedrejamento.
“Se um homem ou uma mulher que vive, numa das cidades que o Senhor lhes dá, for encontrado fazendo o que o Senhor, o seu Deus, reprova, violando a sua aliança, e, desobedecendo ao meu mandamento, estiver adorando outros deuses, prostrando-se diante deles, ou diante do sol, ou diante da lua, ou diante das estrelas do céu, e vocês ficarem sabendo disso, investiguem o caso a fundo.
Se for verdade e ficar comprovado que se fez tal abominação em Israel, levem o homem ou a mulher que tiver praticado esse pecado à porta da sua cidade e apedreje-o até morrer.” Deuteronômio 17:2-5
Talvez o pecado dela tenha sido a violação da aliança, a adoração a outros deuses. Sendo assim a traição dela seria contra o próprio Deus.
A narrativa da mulher adúltera tem ainda o significado da traição, do adultério de Israel com outros deuses. Israel é o traidor pego em flagrante.
Consequentemente, a sua traição, a sua prostituição é ter deixado o seu Deus. O problema do pecado, quase sempre é um só, ser descoberto.
A situação da mulher adúltera
A situação da mulher adúltera era crítica. Os doutores da lei e fariseus e até vizinhos e parentes, todos a acusavam de traição. O problema da traição seria resolvido com a sua morte.
A desafortunada infiel estava diante dos seus acusadores, sem ter como se defender, pois não havia defesa para ela.
Ela pecou. Fora pega em flagrante. Ela sofria por antecipação, sabendo que iria morrer. Calada, ela esperava a condenação, o seu crime era evidente.
Jesus livra a mulher adúltera
Em meio a esta situação adversa, a mulher presencia a intervenção de Jesus: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Isso lhe deu medo, pois ele autorizou a primeira pedrada.
Mas o que ele disse era peculiar, diferente. Quem é que não tem pecados?
De uma forma estranha e incomum, ela entendeu que Jesus a defendeu. Pouco a pouco as pessoas ao seu redor foram largando as pedras e indo embora furtivamente.
Jesus então lhe pergunta: Mulher onde estão os teus acusadores? Ela não soube responder. Ninguém a condenou?
Ninguém Senhor, ela disse. Então Jesus declarou. Eu também não te condeno. Agora vá, em paz e não peques mais.
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Quando estivermos como essa mulher, vivendo o momento impossível, sem solução, ouviremos uma voz suave, diferente de todas as outras vozes, nos animando mais uma vez, nos dando esperança mais uma vez.
No pior momento, Jesus vai nos ajudar. Na situação crítica, quando parece está tudo perdido, Jesus quer nos dizer uma palavra amiga.
Quando todos estiverem com pedras, para nos destruírem, Jesus estará escrevendo uma nova história para nós.
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