Parábola do Semeador

Como diz o teólogo Vincent Cheung, a Parábola do Semeador é uma parábola fundacional.

Ela é a primeira parábola dita por Jesus e contém elementos para entendermos melhor as outras parábolas, assim como o Reino de Deus

Estando uma multidão de gente em pé na praia Jesus falou sobre a parábola do semeador. 

O semeador (Deus), saiu a semear (plantar a Palavra de Deus) e encontrou quatro tipos de situação. 

Os discípulos não entenderam o que o Mestre estava dizendo e lhe perguntaram porque ele falava à multidão através de metáforas. Note que eles sabiam o que era uma representação.

Consequentemente a resposta aos discípulos, depois que a multidão foi dispersada é também um sermão.

Este nos ensina muitas coisas. Por Jesus falar isso na parábola fundacional, então subentende-se que vale para todas as outras que vierem a seguir. Mt 13. 11-17

Esse sermão é importantíssimo, já falaremos dele mais à frente, mas prossigamos por hora. A partir daqui Jesus explica o sentido da parábola.

O sentido da Parábola do Semeador

1- A semente ao pé do caminho

a – Isso foi dito para a multidão:

Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na.

b – E essa é a explicação:

Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que foi semeado ao pé do caminho.

2- Em terreno pedregoso

a – Isso foi dito para a multidão:

E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda. Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.

b – E essa é a explicação:

O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria, mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração. Chegando a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende.

3- Em terreno espinhoso

a – Isso foi dito para a multidão:

E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.

b – E essa é a explicação:

E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.

4- Em boa terra

a – Isso foi dito para a multidão:

E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.

b – E essa é a explicação:

Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto. Um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

Tipos de solos na parábola do semeador

parabola do semeador

Falando a seus discípulos Jesus faz uma ligação com os quatro tipos de solos encontrados pelo semeador ao coração humano.

O semeador saiu a semear e ao plantar a semente encontra quatro tipos de solos ou corações.

Essas quatro situações podem muito bem ser fases na vida de alguém. Vamos ao primeiro tipo de solo.

1- O solo à beira do caminho

A palavra semeada à beira do caminho conta sobre alguém que ao mesmo tempo que estava sendo semeado, vieram aves e comeram a semente.

Estamos claramente num nível de campo de batalha mental.

A Parábola do Semeador quer também nos mostrar o passo-a-passo do cristão. Então nesse nível, o nosso coração, a terra onde é plantada a semente, é rasa, não temos profundidade e facilmente somos roubados. Enxergo o cristão novo aqui.

2- Em meio as pedras

No terreno cheio de pedras aprendemos que aquele que recebe a semente que cai entre pedregais, ouve a Palavra, se alegra, mas não tem profundidade e chegada a provação, se deixa levar, caindo da fé.

De novo vemos aqui alguém com o coração raso para as coisas de Deus.

Esse não tem profundidade, para acreditar na Palavra.

Mas esse aqui é um avanço em relação ao primeiro, ele já está no caminho, cresceu alguma coisa, pena que foi de pouca duração.

Não desistamos do irmão que ainda não aprendeu.

3- Em terreno espinhoso

A semente jogada em terreno espinhoso, na explicação de Jesus, é o que ouve a Palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução das riquezas sufocam a Palavra fazendo-a infrutífera.

Temos aqui um crente carnal, vivendo na luxúria. O mundo ainda exerce sobre ele fascínio. Seu coração, ainda não é bom.

Apesar de tudo, também enxergo um nível maior nesse aqui, em relação ao anterior.

Espinhos aqui podem ser provações, que ele não consegue superar. Vemos diariamente muita gente nesse nível espiritual.

Precisamos ser provados para sermos aprovados. Não sejamos, entretanto, como a geração de Moisés que morreu no deserto.

4- Em solo bom

A semente que cai no que é descrito como boa terra, é o que ouve, compreende e dá fruto. Cem, sessenta ou trinta frutos. As três pessoas anteriores podem ser fases, ou não.

Seria bom se todos nós fossemos a boa terra, sem fases. Seria muito bom se ouvíssemos de cara, compreendêssemos e déssemos fruto imediatamente.

Mas sabemos que o relógio biológico de cada um é diferente. Existem pessoas que já compreendem tudo de cara e já saem fazendo, mas a maioria precisa ser educada até que aprenda.

Em alguns casos é uma vida toda para se aprender a andar com Deus.

Mas até aqui vemos que mesmo entre os que tem um coração perfeito, a quantidade e qualidade dos frutos são diferentes.

Uns conseguem frutificar a cem por cento de aproveitamento. Outros a sessenta e outros só a trinta. Claramente não somos iguais no culto e nem no púlpito.

O que pra mim, nesse instante se destaca, ao meditar nessa Palavra, é a respeito do sermão de Jesus, ou sua a explicação aos discípulos em particular.

O esclarecimento vem a seguir “A vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.

Jesus pregou essa parábola e posteriormente outras alegorias, mas o sentido delas, claramente diz que não era dada a todos.

Todos ouviram, mas nem todos entenderam, e não é para todos entenderem”. Mt 13. 11-17

Claramente vemos um exclusivismo aqui da parte de Deus, a respeito do Reino dEle.

O Evangelho não é pra todos, apesar de que a Palavra de Deus será pregada em todo o mundo e depois virá o fim.

A parábola do semeador (conceito de julgamento)

Jesus possuía um método de ensino bem peculiar, se utilizava de parábolas.

A parábola é uma narração alegórica que se utiliza de situações e pessoas para comparar a ficção, sendo por esta razão riquíssima em detalhes.

A parábola do semeador é um retrato fiel da declaração de Isaías a respeito da incredulidade e indiferença do povo hebreu.

Um povo de coração duro e insensível. Àquele que tem se lhe dará em abundância, mas o que não tem, até o que tem lhe será tirado.

Essa fala de Jesus é extremamente não popular e pode até não parecer Evangelho para aqueles que não lêem a Bíblia.

O Mestre das parábolas fala por parábolas para que eles vendo, não vejam e ouvindo não compreendam.

Para que isso, poderíamos perguntar seriamente e a resposta é para que se cumpra a profecia de Isaías:

“Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e vendo, vereis, mas não percebereis, porque o coração desse povo está endurecido, e ouviram de mau grado, e fecharam seus olhos para que não vejam e nem ouçam com seus ouvidos e compreendam com o coração e eu os cure.”

A fala é duríssima. E percebemos uma ponta de amargura na fala de Jesus, pois eles não ouvem de bom grado, agradecidos.

Eliminando resistências

Jesus falava por parábolas para eliminar resistências. Eles se decidiram a não ver. Conhecemos um monte de pessoas assim, não querem ouvir e não querem ver a verdade que é Jesus.

A mensagem de Jeremias sofreu resistências. O dedicado profeta lamentava amargamente as tantas oportunidades perdidas pelo povo de Israel.

Ainda assim Jesus pregou obscuramente para eles. Ainda deu-lhes a chance de se converter, mesmo de uma maneira mais difícil.

Para que se cumpra a profecia de Isaías. – Com essa fala, entendemos melhor a parábola e entenderemos melhor todas as posteriores. Há exclusividade no Evangelho? Sim, há.

Essas coisas que entendemos devem nos constranger em amor e temor.

Deus não escolhe a qualquer um e o entendimento não vem a qualquer um. Deus dá-se a entender a quem ele quer.

O resumo triste da fala de Jesus é que: Muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo e não viram; e ouvir o que vocês estão ouvindo e não ouviram.

O medo desse assunto é que poderemos endurecer o nosso coração e ouvirmos sempre e não entendermos o que estamos ouvindo, ou não estarmos dando mais atenção para o que ouvimos da parte de Deus.

Poderemos estar vendo Deus trabalhar e fechando os nossos olhos para a verdade e seguindo a genealogias intermináveis que não levam ninguém a lugar algum.

Coitado do homem que entrou nessa profecia de Isaías, ficou cego e surdo, por si mesmo. Deixou-se cegar e ensurdecer.

A verdadeira Palavra é de revelação e não de obscurecimento. Cegaram e ensurdeceram por si próprios, por não querer a verdade.

O teor da parábola do semeador

A Parábola do Semeador – e por extensão, todas as seguintes – adquire a partir da explicação de Jesus um teor de julgamento.

Todas as representações são cumprimento da Palavra de Isaías para um povo que não quer ver e não quer escutar, que tem o seu coração endurecido.

Gente de mentalidade rasa para as coisas de Deus, preocupadas com seus fascínios da vida.

Gente essa preocupada com as coisas da carne e não com as coisas do Espírito.

Janes e Jambres

Na tradição judaica Janes e Jambres foram os dois magos que se opuseram a Moisés no Egito.

Vamos ler o que a Bíblia fala sobre gente igual a eles em II Timóteo 3:8-9: “que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.

E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade. Sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”.

O assunto da Parábola do Semeador é o mesmo: gente que aprende sempre e nunca pode chegar ao conhecimento da verdade. Esses gostam de genealogias, de religiosidade e de fanatismo.

Cegam-se para o verdadeiro Evangelho da Liberdade no Espírito.

É um tipo de gente que não vive a vida e se possível não vai deixar o seu próximo viver. É gente que o seu coração não é uma boa terra.

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Eu não sei você, mas eu fico com medo de saber que Deus esclarece a Palavra a uns e esses têm entendimento das coisas de Deus e vivem uma vida abençoada em Jesus.

Sem modismos, fanatismos ou loucuras que não melhoram nada e nem ninguém e outros que ouvem sempre e nunca aprendem. Veem sempre e nunca enxergam.

Esses estão propícios à Operação do Erro e não à liberdade no Espírito.

Que Deus nos ajude a enxergar corretamente e a ouvir com os ouvidos do coração o que o nosso Deus quer nos ensinar.

Paulo Sérgio Lários

Paulo Sérgio é Presbitero, tecnico de informática e escritor

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Categories: Estudo Bíblico

Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

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