Há na Bíblia um relato muito interessante que ocorreu com três homens que foram lançados em uma fornalha de fogo ardente, a mando do rei Nabucodonosor.
Estes homens eram amigos de Daniel e administradores no Reino da Babilônia juntamente com o profeta.
Daniel narra esta situação que a principio parece desesperadora, mas que ao final revela o cuidado de Deus com quem o honra.
Claro que nos dias de hoje é quase impossível acreditar que homens tenham se livrado de leões, fogo e outros tipos de torturas físicas.
Mas naquela época os milagres ainda se faziam necessários.
Deus usava esses artifícios para mostrar ao povo que ele estava ali.
Muitas pessoas religiosas gostariam de ver esses milagres acontecerem nos dias atuais.
Porém, se formos colocar os elementos de outrora perto dos de hoje, veremos que as circunstâncias são muito diferentes.
É bem possível que as pessoas que sofressem esses milagres se tornassem párias da sociedade (o povo tem medo do que é diferente).
Outro fato muito importante para a falta de milagres na atualidade é que a fé das pessoas está muito menor que nos tempos antigos.
Dificilmente alguém deixaria de fazer uma determinada coisa apenas baseada em sua fé.
Antes de falarmos sobre o episódio da fornalha de fogo ardente, vamos ver quem eram os protagonistas dessa história, que foi contada pelo profeta Daniel, em seu livro.
Quem foram Sadraque, Mesaque e Abdenego
No ano de 607 A.C. quando o rei Jeoaquim de Judá estava em seu terceiro ano de reinado, Jerusalém foi invadida e saqueada por Nabucodonosor da Babilônia, e acabou se rendendo ao cerco.
Como era sempre feito naquela época, além do espólio de bens materiais, o rei também pediu que seu chefe de serviços, escolhesse homens saudáveis, bem apessoados e inteligentes dentre as famílias nobres e da realeza.
Esses homens seriam levados à Babilônia durante um período de três anos, para estudarem a língua, aprenderem os escritos babilônicos, e servirem no palácio.
Eles não poderiam ter defeitos físicos também. Em meio a vários jovens que foram escolhidos estavam os filhos de Judá, Daniel, Misael, Azarias e Hananias.
Para ter uma noção da conexão deles com o Deus de Israel, seus nomes significam respectivamente: Daniel – Deus é o meu juiz. Hananias – Deus foi gracioso comigo. Azarias – Deus é quem me ajuda, e Misael – Quem é como Deus (não se refere a sentido de igualdade, mas pelo pensamento).
Quando chegaram à Babilônia receberam nomes novos: Beltessazar – Tesouro de Bel ou O depositório dos segredos de Bel. Sadraque – Inspiração do Sol, Deus, autor do mal, seja favorável a nós, Deus nos proteja do mal.
Abede-Nego – Servo de Nego, um dos deuses babilônios. Talvez o sol, uma estrela movente, ou os planetas Júpiter ou Vênus, e Mesaque – Aquele que pertence à deusa Sheshach.
Segundo os relatos de Daniel em seu Livro, seus amigos possuíam boa aparência, tinham ótimo visual e estampa, eram versados em toda sabedoria da época, e também em ciência e conhecimento.
De escravos a administradores do reino
Quando o rei percebeu essas qualidades extremas nos nobres de Judá achou que eram 10 vezes mais sábios que os intelectuais de seu reino.
Por isso eles foram tirados da condição de escravatura para serem administradores do seu reino.
O que o rei não sabia é que essas qualidades estavam diretamente ligadas à conexão que eles tinham com seu Deus.
A educação que possuíam acerca de religião tinha a base na comunhão que possuíam com o Deus de Israel.
Em 1;17 do Livro de Daniel, vemos que Deus havia dado a esses homens, um conhecimento e inteligência em toda a cultura e sabedoria.
Fatos arqueológicos sobre o livro de Daniel
A convocação dos judeus para o cativeiro na Babilônia é narrada no livro de Daniel, como um acontecimento social da época, e não com a intenção de ser sua autobiografia.
Dessa maneira, não existem relatos do período que Daniel serviu ao rei Nabucodonosor.
Nem mesmo consta seu nome nos registros reais dos oficiais do rei. Sendo assim, os períodos e fatos acabaram ficando obscuros na história.
Porém as grutas de Qumran guardavam os fragmentos dos pergaminhos e couros escritos pelo Profeta e que foram resgatados e publicados.
Consta dos registros que a condição de conservação desses documentos está muito clara.
Contudo, mesmo as diferenças de tradução não conseguem deixar o texto confuso, ou faltando pedaços.
A primeira gruta continha os três primeiros fragmentos publicados em 1955, por D. Barthélemy e J. T. Milik, em Discoveries in the Judaean Desert I: Qumran Cave I (Descobertas no deserto da Judéia l: Caverna 1 de Qumran), (Oxford, 1955), pp. 150–152.
Na quarta gruta foram encontrados fragmentos de couro que até 1984 não haviam sido publicados. E a sexta gruta possuía muitos fragmentos dos papiros que foram publicados em 1962 por M. Baillet.
A condenação à fornalha de fogo ardente
Por volta do oitavo ano do reinado de Nabucodonosor, uma grande estátua com mais de 30 metros de altura e 3 de largura, foi erguida na província de Dura.
Era toda confeccionada em ouro e servia para mostrar a supremacia do maior governante da Babilônia.
Quando esse monumento ficou pronto, o rei lançou um decreto convocando todos os magistrados do império para prestarem homenagem e saudação à estátua.
Na categoria de administradores do governo babilônico, Mesaque, Sadraque e Abdenego estavam incluídos nessa convocação, pois seus cargos equivaleriam ao de governadores.
No dia descrito na saudação, os três jovens não se curvaram, nem se ajoelharam perante ao monumento gigantesco.
Esta conduta, que foi observada por outros administradores, que não perderam tempo em relatarem o ocorrido ao rei.
Muito bravo com a atitude do que considerava seus melhores administradores, Nabucodonosor ordenou que fossem lançados na fornalha de fogo ardente.
Esta, então estaria aquecida sete vezes mais forte do que o costume.
Interpelados uma última vez se iriam se curvar à estátua, os três homens disseram que não, que o Deus a quem serviam os pouparia dessa tortura.
Eles foram lançados à fornalha de fogo ardente, e pouco tempos depois, pessoas que estavam fora, juntamente com o rei, puderam ver os três andando dentro da fornalha sem serem queimados.
Entretanto, junto deles havia uma quarta pessoa que se parecia com o filho de Deus.
O rei então, chama os acusados pelo nome para certificar-se que estão mesmo ali, e eles respondem e são convidados a sair da fornalha, apresentando-se intactos no lado de fora.
Nabucodonosor lança um novo decreto
Vendo que o Deus dos três hebreus os havia poupado e, supostamente, estado com eles durante a prova, Nabucodonosor lançou um novo decreto.
O novo decreto ordenava que todo o povo não desrespeitasse o Deus de Sadraque, Mesaque e Abdenego, que os havia salvo do fogo, e operava milagres.
Os três foram agraciados com uma promoção em seus cargos e desfrutaram de uma vida próspera e abundante na Babilônia.
Você quer saber porque os hebreus foram salvos da fornalha de fogo ardente? Respondo, a fé inabalável em Deus e a identidade com Ele os fizeram triunfar.
Não existem relatos sobre onde Daniel estava para não ter sido condenado à fornalha, especula-se que poderia estar em outros domínios pois era o segundo homem do governo, estando apenas abaixo do rei.
Temas Relacionado:
- Daniel na cova dos leões (O Rico e Lázaro)
- Jeremias, o ferreiro de Deus malhou em ferro bruto
- O banquete de Belsazar (fim do império babilônico)
O quarto homem na fornalha nunca foi identificado, por isso, supõe-se que foi um enviado de Deus (anjo) para passar com os três jovens dentro do castigo e livrá-los das chamas, por sua lealdade ao Senhor.
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